2008/03/26

Ups... falta dizer

Pois é faltou dizer de onde foi retirado o texto da mensagem anterior.
"O seu a seu dono"

http://www.mat.uc.pt/~jaimecs/matelem/calma.html

O canto da Matemática Elementar

profg

Problemas para pensar com calma

A Matemática não são só problemas rotineiros que muitas vezes aparecem de forma enjoativa nos livros de texto. A Matemática não é só a tabuada, a simplificação de expressões, a resolução de equações, inequações e sistemas de equações, etc. Claro que é necessário dominar tais técnicas, mas é preciso fazer muitas outras coisas para estudar Matemática. Por exemplo, puxar da cabeça (mas não com muita forca, senão ela ainda pode cair...) para resolver problemas.

1 - CORTAR PAPEL VEGETAL

Supõe que tens à tua frente uma enorme folha de papel vegetal e uma tesoura e que, à falta de melhor passatempo, te vais pôr a cortar a folha de papel vegetal. Começas por cortar ao meio a folha e assim obténs duas folhas de papel vegetal (mais pequenas evidentemente). Sobrepões estas duas folhas de papel vegetal e corta-las ao meio. Obténs deste modo quatro folhas de papel vegetal. Sobrepões agora as quatro folhas e novamente cortas tudo ao meio. Obténs 8 folhas. Sobrepões as oito folhas . . . Já estás a ver como passas o tempo. Cortas ao meio as folhas de papel vegetal e sobrepões as folhas que resultam do corte. Para concretizar, supõe que a folha inicial tem 0,01 milímetros de espessura (isto é, que 100 folhas de papel vegetal sobrepostas têm um milímetro de espessura), e que é suficientemente grande e resistente para poderes fazer todos os cortes que quiseres. Depois de repetires 50 vezes o processo de corte e sobreposição, qual é, aproximadamente, a altura das folhas de papel vegetal que obténs no fim?

2008/03/22

Rubem Alves...


imagem retirada de blog.netsite.com.br/nathan.jr/
Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
(retirado de http://www.pensador.info/autor/Rubem_Alves/)

2008/03/21

No Dia Mundia da Poesia... III


retirado de http://nescritas.nletras.com/fpessoa/


CHUVA OBLÍQUA (I)

Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito
E a cor das flores é transparente de as velas de grandes navios
Que largam do cais arrastando nas águas por sombra
Os vultos ao sol daquelas árvores antigas...

O porto que sonho é sombrio e pálido
E esta paisagem é cheia de sol deste lado...
Mas o meu espírito o sol deste dia é porto sombrio
E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol...

Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo...
O vulto do cais é a estrada nítida e calma
Que se levanta e se ergue como um muro,
E os navios passam por dentro dos troncos das árvores
Com uma horizontalidade vertical,
E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro...

Não sei quem me sonho...
Súbito toda a água do mar do porto é transparente
E vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse desdobrada,
Esta paisagem toda, renque de árvores, estrada a arder em aquele porto,
E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passa
Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagem
E chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,
E passa para o outro lado da minha alma...

Fernando Pessoa
(para todos os professores)

No Dia Mundia da Poesia... II


Escher - Céu e Água I(1938)

SER PROFESSOR

Ser professor é ser artista

malabarista,

pintor, escultor, doutor,

musicólogo, psicólogo...


É ser mãe, pai, irmã, avó,

é ser palhaço, bagaço...

É ser ciência e paciência...

É ser informação.


É ser acção,é ser bússola, é ser farol.

É ser luz, é ser sol.

Incompreendido? ...Muito.

Defendido? Nunca.


O seu filho passou?...

Claro, é um génio.

Não passou?

O professor não ensinou.


Ser professor

é um vício ou vocação?

É outra coisa...

É ter nas mãos o mundo de amanhã.


Amanhã.

Os alunos vão-se...

E ele, o mestre, de mãos vazias,

fica com o coração partido.


Recebe nova turmas,

novos olhinhos ávidos de cultura

e ele, o professor, vai despejando

com toda a ternura, o saber, a orientação

nas cabecinhas novas que amanhã

luzirão no firmamento da pátria


Fica a saudade

A amizade.

O pagamento real?

Só na eternidade.


(Anónimo)

No Dia Mundia da Poesia... I


A escola
M.C. Escher Drawing Hands,1948

Escola é...
O lugar onde se faz amigos
Não se trata só de prédios, salas, quadros,
Programas, horários, conceitos...
Escola é, sobretudo, gente,
Gente que trabalha, que estuda,
Que se alegra, se conhece, se estima.
O diretor é gente,
O coordenador é gente, o professor é gente,
O aluno é gente,
Cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor
Na medida em que cada um
Se comporte como colega, amigo, irmão.
Nada de “ilha cercada por todos os lados”.
Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir
Que não tem amizade a ninguém
Nada de ser como o tijolo que forma a parede,
Indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
É também criar laços de amizade,
É criar ambiente de camaradagem,
É conviver, é se “amarrar nela”!
Ora, é lógico...
Nunca escola assim vai ser fácil
Estudar, trabalhar, crescer,
Fazer amigos, educar-se,
Ser feliz.
de Paulo Freire

2008/03/18

Da obediência e da cegueira

Segunda-feira, Março 17, 2008
retirado do blog de JMAlves - Terrear

Era uma vez um mestre que tinha vários discípulos. Estes veneravam-no e seguiam escrupulosamente todas as suas instruções.

Um dia, o mestre decidiu que era tempo de ir ensinar noutras aldeias. Acompanhado pelos seus fiéis alunos, fez-se à estrada, sentado num carro puxado por dois bois. Ao fim de algumas horas, o mestre, sentindo-se cansado, instalou-se confortavelmente no fundo da carroça e disse aos discípulos:

— Meus amigos, vou dormir um pouco. Tomai conta da minha bagagem. Sede vigilantes e observai atentamente tudo o que cair.
Os discípulos anuíram e ele adormeceu tranquilamente. A dada altura, a carroça embateu numa rocha e a cabaça do mestre caiu. Os alunos arregalaram os olhos e viram a cabaça dar um salto e cair num fosso. Observaram-na sempre com a maior atenção.

Quando o mestre acordou, perguntou se estava tudo bem.
- Está tudo bem, mestre — responderam. — Acontece que a tua cabaça caiu.
- E vocês não a apanharam? Onde vou agora pôr a minha água?

Os discípulos responderam:
— Mestre, disseste-nos para vermos bem o que caía da carroça e assim fizemos.
— Sois mesmo néscios — replicou o mestre. Não era isso que eu queria dizer, mas o que está feito, está feito. A partir de agora, se alguma coisa cair no caminho, apanham-na e põe-na de novo na carroça, perceberam?

— Sim, mestre — responderam todos em uníssono.

O mestre acabou por adormecer de novo. A carroça balançava de um lado para o outro, e os alunos sentiam dificuldade em manter os olhos abertos. Subitamente, a carroça parou, devido às necessidades dos bois. Quando estes terminaram, a marcha foi retomada. Dois discípulos saltaram imediatamente para a estrada e apanharam os dejectos para os meter na carroça. Um dejecto caiu sobre a cabeça do mestre, que acordou.

— Que estais a fazer? Que porcaria é esta?
— Mestre, disseste-nos para apanharmos tudo o que caísse no chão.

O mestre ficou silencioso por instantes. Decidiu fazer uma lista minuciosa do conteúdo da carroça e deu-a aos discípulos.
— Se alguma destas coisas cair do carro, recolhei-a. Mas só o que esta escrito na lista.
— Sim, mestre — concordaram os alunos.

Algumas horas mais tarde, o mestre voltou a adormecer. A carroça começou a subir uma encosta íngreme, ladeada por um riacho. Os discípulos, ensonados, iam encostados uns aos outros. De repente, ouviram um grande ruído: o mestre tinha caído à água.

— Socorro, socorro — gritava.

Os discípulos pegaram na lista e percorreram-na escrupulosamente. Era uma lista muito completa, mas o nome do mestre não constava dela. Decidiram, assim, retomar o caminho. Ao vê-los afastarem-se, o mestre gritou:

— Onde ides? Parai imediatamente!
Os alunos, obedientes, pararam imediatamente e foram ao encontro do mestre.
—Estais loucos? Quereis verdadeiramente que eu morra? Caio da carroça, quase me afogo e nenhum de vós me vem socorrer?
—Mas, mestre — desculparam-se — não tínheis incluído o vosso nome na lista e nós só devíamos apanhar o que lá estivesse escrito. Quisemos apenas obedecer-vos.
— Claro que me obedeceis! — gritou o mestre, exasperado. — Mas fazei-lo sem reflectir! Pensai antes de agir, em vez de seguirdes cegamente o que eu faço ou vos digo para fazerem!

Os discípulos, um pouco envergonhados, ajudaram-no a subir para a carroça. O mestre decidiu, então, ensinar os seus alunos a reflectirem mais.

Bela metáfora sobre o que se (não) passa.
Posted by JMA at 10:45 AM

2008/03/09

Marcha pela Indignação

Direito a ficar indignada:
- com as parvoíces que são ditas na comunicação social;
- com o desconhecimento generalizado do que é ser professor;
- com a falta de condições de trabalho (escolas onde chove, faz muito frio ou muito calor, onde não existem cadeiras suficientes para todos os alunos, onde os alunos não tem espaços para estar durante os intervalos a não ser na rua; etc);
- com tudo o que envolve o trabalhar com alunos (qualquer que seja o seu estracto socio-economico, motivação ou idade);
- com a "diarreia" legislativa que tem chegado às escolas sem existir tempo para analisar e reflectir;
- com a ideia de que um simples oficio ou circular pode alterar um normativo legal (publicado em D.R.).

Ontem fomos 100 000...de indignados.

para reflectir...