2007/10/20

Maos 2


Esta imagem de Escher é sem dúvida uma das minhas preferidas, pela sua dualidade.

Monólogo das Mãos, de Ghiaroni

Para que servem as mãos?

As mãos servem para pedir, prometer, chamar, conceder, ameaçar, suplicar, exigir, acariciar, recusar, interrogar, admirar, confessar, calcular, comandar, injuriar, incitar, teimar, encorajar, acusar, condenar, absolver, perdoar, desprezar, desafiar, aplaudir, reger, benzer, humilhar, reconciliar, exaltar, construir, trabalhar, escrever…

As mãos de Maria Antonieta, ao receber o beijo de Mirabeau, salvou o trono da França e apagou a auréola do famoso revolucionário; Múcio Cévola queimou a mão que, por engano não matou Porcena; foi com as mãos que Jesus amparou Madalena; com as mãos, David agitou a funda que matou Golias; as mãos dos Césares romanos decidiam a sorte dos gladiadores vencidos na arena; Pilatos lavou as mãos para limpar a consciência; os anti-semitas marcavam a porta dos judeus com as mãos vermelhas como signo de morte!

Foi com as mãos que Judas pôs ao pescoço o laço que os outros Judas não encontram.

A mão serve para o herói empunhar a espada e o carrasco, a corda; o operário construir e o burguês destruir; o bom amparar e o justo punir; o amante acariciar e o ladrão roubar; o honesto trabalhar e o viciado jogar. Com as mãos atira-se um beijo ou uma pedra, uma flor ou uma granada, uma esmola ou uma bomba!

Com as mãos o agricultor semeia e o anarquista incendeia!

As mãos fazem os salva-vidas e os canhões; os remédios e os venenos; os bálsamos e os instrumentos de tortura, a arma que fere e o bisturi que salva.

Com as mãos tapamos os olhos para não ver, e com elas protegemos a vista para ver melhor. Os olhos dos cegos são as mãos. (Os surdos falam com as mãos)

As mãos na agulheta do submarino levam o homem para o fundo como os peixes; no volante da aeronave atiram-nos para as alturas como os pássaros. O autor do "Homo Rebus" lembra que a mão foi o primeiro prato para o alimento e o primeiro copo para a bebida; a primeira almofada para repousar a cabeça, a primeira arma e a primeira linguagem.

Esfregando dois ramos, conseguiram-se as chamas. A mão aberta, acariciando, mostra a bondade; fechada e levantada mostra a força e o poder; empunha a espada, a pena e a cruz!

Modela os mármores e os bronzes; dá cor às telas e concretiza os sonhos do pensamento e da fantasia nas formas eternas da beleza. Humilde e poderosa no trabalho, cria a riqueza; doce e piedosa nos afetos medica as chagas, conforta os aflitos e protege os fracos.

O aperto de duas mãos pode ser a mais sincera confissão de amor, o melhor pacto de amizade ou um juramento de fidelidade. O noivo para casar-se pede a mão de sua amada; Jesus abençoava com as mãos; as mães protegem os filhos cobrindo-lhes com as mãos as cabeças inocentes.

Nas despedidas, a gente parte, mas a mão fica, ainda por muito tempo agitando o lenço no ar.

Com as mãos limpamos as nossas lágrimas e as lágrimas alheias.

E nos dois extremos da vida, quando abrimos os olhos para o mundo e quando os fechamos para sempre ainda as mãos prevalecem.

Quando nascemos, para nos levar a carícia do primeiro beijo, são as mãos maternas que nos seguram o corpo pequenino.

E no fim da vida, quando os olhos fecham e o coração pára, o corpo gela e os sentidos desaparecem, são as mãos, ainda brancas de cera que continuam na morte as funções da vida.

E as mãos dos amigos nos conduzem…

E as mãos dos coveiros nos enterram!

Continuando

Já se passaram 12 dias desde o último comentário. Aconteceram muitas coisas. Mas o que mais me agradou foi reencontrar "velhas" amizades. Este reencontro casual em alguns casos, provocado noutros, levou-me a pensar. Porque será que deixamos de lado esta e aquela amizade ou mesmo aquele conhecido que em determinada altura da vida foi tão importante. Quais os motivos, as razões, as situações? Não sei, mas que fiquei a pensar, fiquei!

2007/10/08

Mundo

Num mundo de faz de conta

Realmente eu não nasci para viver nesta época... em que tudo tem dupla e tripla interpretação, em que se têm valor por lixar o próximo, em que o que conta é a chico esperteza e não a inteligência real e o respeito pelo outro. Será que ainda se lembram do que significam as palavras liberdade, democracia, respeito e justiça.
Não fui educada assim e não quero passar a ser dessa maneira.
Vou continuar a ser refilona, estupida até mas não me vou acomodar a este deixar andar só por alguem pensou que...
Cada um deve valer pelo que é e não pelo que parece.
Hoje estou assim, sem vontade de prosseguir. Mas amanhã com a luz do dia sei que vou continuar a ser chata, a exigir explicações, ou seja a ser quem sou.
Obrigada pai e mãe, irmão, amigos e família pois é graças a vocês que sou quem sou.

2007/10/04

Para os meus amigos


Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos, não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre que o amor, eis que permite que o objecto dela se divida em outros afectos, enquanto o amor intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências.

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crónica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E as vezes, quando os procuro, note-se que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem em desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque esta minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem-estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim compartilhando daquele prazer. Se alguma coisa me consome e me envelhece e a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.

(Vinicius de Moraes)

2007/10/03

Dia 2


Nova escola, nova turma, outros profs. Média de idades superior, mas a qualidade de reflexão também é diferente. Exigem mas também dão. A idade e experiência tem destas coisas... não precisam de se mostrar, são!
Foi interessante rever algumas pessoas.
Instalaçoes a invejar (eu queria mas nao tenho) escola nova tem destas coisas.
O caminho continua deslumbrante... mas fiquei decepcionada. Arruda mudou esteticamente para pior. Muitas urbanizações, rotundas e confusões. Muitos miudos e graudos. Tem vida, mas perdeu encanto.

2007/10/02

Iguais a quem?


Espero que a umas poucas pessoas...

Dia 1


Ontem a primeira... Estas são as que não se esquecem.
Primeira sessão. Algumas surpresas. Outras nem tanto. Pode vir a correr melhor. Reflectir.
Detesto papeis! Para quando tudo feito online, sem se ter que preencher várias vezes as mesmas coisas?
Jogo... simples, mas complexo. Uma pequena surpresa ver o envolvimento dos prof .
Amanhã vou continuar no trilho da formação.
Vou voltar a estar e trabalhar num sitio (novas instalaçoes) de que não guaardo as melhores recordações.
Gostei dos alunos e de muitos colegas, alguns passaram a amigos outros mantiveram-se conhecidos.
Vai ser interessante ver a reacção de alguns.
Campo Grande - ... novamente um caminho de que lembro ter muitos encantos. A mudança de cor das vinhas, a vindima as conversas, tudo se conjugava para que a viagem ficasse interessante.
Escola nova, gente nova e menos nova. 2 grupos muita gente.
Amanhã logo se vê.